O Concelho de Almeida situa-se no distrito da Guarda, na região beirã tradicionalmente denominada de Riba-Côa.
Ao analisarmos a sua actual estruturação territorial, verificamos que a sua actual área geográfica de 522,3 Km2, constituída administrativamente por 29 freguesias e 8 anexas, distribuídas por ambas as margens do Rio Côa, resultou de uma progressiva fusão dos antigos concelhos medievais de Almeida, Castelo Bom e Castelo Mendo e da anexação de freguesias dos concelhos limítrofes (Castelo Rodrigo, Sabugal e Pinhel).
O seu posicionamento geográfico, profundamente marcado pela presença do rio como linha natural de fronteira, aliado à sua evolução histórico-territorial, transformou este concelho num espaço castelológico, carregado de simbolismo. A mera contemplação deste legado patrimonial, transporta-nos para algumas das páginas mais gloriosas e trágicas da nossa memória colectiva, do nosso querer ser uma nação.
Mas a sua riqueza não se esgota nos centros urbanos amuralhados, destacando-se também uma arquitectura civil tradicional e religiosa espalhada pelo concelho de manifesto interesse, bem como um património natural e paisagístico de uma rara beleza agreste, onde o granito domina.
A melhor forma de conhecer este mundo rural é percorrendo-o. Esta tarefa torna-se mais simples se seguir a A25 ou a linha ferroviária da Beira Alta até Vilar Formoso, importante centro comercial e prestador de serviços, partindo daqui à descoberta da região.
A Vila de Almeida é a sua sede de concelho e encerra em si, uma das mais belas jóias da arquitectura militar abaluartada do país. Classificadas Monumento Nacional desde 1928, as suas muralhas representam um extraordinário dispositivo de defesa militar.
A sua construção iniciou-se em 1641, apresentando uma forma geométrica hexagonal, planeada segundo os princípios da época do enfiamento e cruzamento de tiro. Vista do ar, a fortaleza de Almeida assemelha-se a uma bela estrela de doze pontas.
Destacam-se ainda os povoados medievais de Castelo Mendo e Castelo Bom, que conservam uma grande parte das características ancestrais de burgos fortificados, recheados de um casario alvenitente com um carácter profundamente português e beirão. São possuidoras de um singular conjunto arquitectónico, civil, religioso e militar, onde se misturam obras de estilos tão variados como o Românico, o Gótico, o Manuelino, o Filipino, o Maneirismo e o Barroco.
Aproveite também para provar a rica e variada gastronomia local, onde se destacam os enchidos, a caça, o peixe do rio, os Míscaros, a famigerada salada de Meruges e na doçaria o requeijão com doce de abóbora e amêndoas e a Bola Doce. Para terminar e digerir tudo isto, não se esqueça de beber um belo cálice da típica Ginjinha.
Mas como já dissemos o Concelho de Almeida não é só património edificado e cultural, é também património natural, onde mais uma vez se destaca o Rio Côa, o seu principal curso de água que divide o seu território a meio e rasga de forma marcante a sua paisagem. É interessante observar que se trata de um rio que corre de sul para norte, nasce na Serra das Mesas junto à povoação dos Foios no Concelho do Sabugal e desagua no Rio Douro. Destacam-se ainda no concelho outros dois cursos de água, a Ribeira das Cabras que traça a fronteira Oeste do Concelho com Pinhel e a Ribeira dos Tourões (afluente do Rio Águeda) que delimita o Concelho a Leste. Todos estes cursos de água seguem uma direcção mais ou menos paralela entre si.
A morfologia do concelho é assim fortemente caracterizada pelas vales profundos e sinuosos, modelados pela erosão do Rio Côa e da Ribeira das Cabras. Mas a sua região oriental é mais suave, caracterizada pela continuidade da planície Salamantina integrada na Meseta Ibérica. A região ocidental, tem um relevo mais irregular e uma paisagem mais agreste, onde surgem frequentes afloramentos graníticos de grande monumentalidade.
Desta forma geologicamente, o Concelho de Almeida é essencialmente granítico, onde surgem inúmeros filões de quartzo, que criam uma textura única e de rara beleza.
Ao nível da composição vegetal (Flora) as espécies predominantes são: o Pinheiro Bravo, o Carvalho Negral e a Azinheira ou Carrasqueira como é denominado na região. O Sobreiro e o Pinho Manso surgem pontualmente, mas não em forma de mancha. Nas zonas fluviais, o Salgueiro, o Freixo e o Amieiro formam ao longo do Côa, afluentes e subafluentes fre-quentes matas em galeria. A vegetação arbustiva é marcada pela presença do Rosmaninho, mas também da Giesta e pela Chara. O predomínio do Rosmaninho realça o sabor de um produto natural de produção local, o mel.
Na Fauna local predominam espécies como o Coelho Bravo, a Perdiz, a Lebre e os Pato Bravos, espécies de eleição na actividade lúdica da Caça e na Gastronomia local. Mas também são possíveis de observar pelos amantes da natureza, o Ginete, a Raposa, o Javali, o Texugo, a Lontra, a Fuinha e a Toupeira de Água e já muito raramente o Lobo Ibérico. Ao nível das Aves, destacam-se a planar nas escarpas do Côa e nos planaltos limítrofes inúmeras es-pécies de Rapinas, mas também a rara Cegonha Negra e Cegonha Comum, bem como as graciosas Garças Pesqueiras. Ao nível da Fauna aquática, são bastante comuns nos seus cursos de água, peixes como o Barbo, a Boga, o Bordalo e a Truta, destacando-se o Rio Côa, como um local de eleição para os amantes da Pesca Desportiva.
Convém também salientar uma fonte de água minero-medicinal, situada a NW da Vila de Almeida, denominada de Fonte Santa e que foi recentemente reactivada para a prática do Termalismo.
Terminaremos assim desejando a todos os que nos visitem: “Alma até Almeida e de Almeida em diante, alma sempre”.